| Requisito | Descrição |
| 1. Sob Medida | Peças feitas à mão para um cliente específico, com várias provas de roupa. |
| 2. Ateliê em Paris | A marca precisa manter um ateliê em Paris. |
| 3. Equipe Mínima | O ateliê deve ter, no mínimo, 20 funcionários em tempo integral. |
| 4. Apresentação Sazonal | Apresentar uma coleção de, no mínimo, 50 looks originais, duas vezes por ano. |
| 5. Looks para Dia e Noite | A coleção deve incluir peças para o dia e para a noite. |
| 6. Trabalho Artesanal | Ênfase massiva em técnicas manuais, bordados e acabamentos perfeitos. |
A cena: sua amiga "Juliana Influencer" posta uma foto num vestido de festa brilhante, caro, de uma marca famosa, e coloca na legenda: "#altacostura".
O que é essa expressão que todo mundo usa mas quase ninguém sabe o que realmente significa: Alta-Costura?
Confesso, uma parte de mim tem um pequeno tique nervoso toda vez que isso acontece.
Porque na maioria esmagadora das vezes, aquele vestido lindo e caríssimo... não é Alta-Costura. É, no máximo, um prêt-à-porter de luxo (roupa de grife pronta para vestir).
A gente banalizou o termo. Mas o que é Alta-Costura, então? Pense nela não como uma categoria de roupa, mas como um selo de denominação de origem controlada, tipo o queijo Parmesão da Itália ou o champanhe da França.
Não basta ser espumante pra ser champanhe. E não basta ser um vestido caro pra ser Alta-Costura.
Existem regras. E elas são super rígidas, protegidas por lei e ditadas por um clube muito, mas MUITO exclusivo em Paris. Hoje, vamos entrar nesse clube.
De forma bem direta, Alta-Costura (em francês, Haute Couture) é um termo legalmente protegido pela França. É a criação de roupas exclusivas, feitas sob medida, com um nível de artesanato e qualidade que beira a arte.
Não é uma opinião. É uma lei.
Para uma marca poder se autodenominar uma "maison de Haute Couture", ela precisa ser aprovada e seguir as regras da Chambre Syndicale de la Haute Couture, que faz parte da Fédération de la Haute Couture et de la Mode em Paris.
Basicamente, é a maçonaria da moda. E eles não brincam em serviço.
Para ser convidada a fazer parte desse clube exclusivo, uma marca precisa seguir um caderno de encargos super rigoroso. Aqui estão os principais mandamentos:
A peça de Alta-Costura não é feita e depois vendida. Um cliente encomenda, e a peça é construída do zero para as medidas exatas daquela pessoa. Isso envolve múltiplas provas de roupa no ateliê em Paris para garantir o caimento perfeito. É o oposto da produção em massa.
Não importa se a marca é italiana, libanesa ou japonesa. Para ser considerada Alta-Costura, ela precisa ter uma base de operações, um ateliê, na capital francesa. É uma regra que protege a tradição e o artesanato parisiense.
O ateliê precisa empregar, no mínimo, 15 a 20 artesãos em tempo integral. Estamos falando de costureiras, bordadeiras, modelistas... mestres em suas artes. Isso garante que a marca tem a capacidade de produzir peças com o nível de detalhe exigido.
A marca deve apresentar publicamente uma coleção de, no mínimo, 50 looks originais, duas vezes por ano, nos calendários oficiais da Semana de Moda de Alta-Costura em Paris (janeiro para primavera/verão e julho para outono/inverno).
A coleção apresentada não pode ser só de vestidos de gala. Ela precisa incluir uma variedade de peças, mostrando looks para o dia (como tailleurs e casacos) e para a noite.
Essa é a alma da coisa. A vasta maioria do trabalho em uma peça de Alta-Costura deve ser feita à mão. Bordados que levam milhares de horas, costuras internas invisíveis, acabamentos que são obras de arte por si sós.
É aqui que o custo explode e a peça vira uma joia.
Significa que existem pouquíssimas marcas no mundo que têm o direito de usar esse título. Pense em:
Significa também que os clientes são ainda mais raros. Estima-se que existam apenas alguns milhares de clientes de Alta-Costura no mundo todo.
E, na minha opinião, o papel mais importante da Alta-Costura hoje não é nem vestir essas pessoas. É funcionar como um laboratório criativo para a moda. É onde os estilistas podem experimentar com novas formas, tecidos e técnicas, sem as restrições comerciais do prêt-à-porter. As ideias que nascem na passarela da Alta-Costura, de forma muito mais diluída, influenciam tudo o que a gente vai ver nas lojas dois anos depois.
1. Quanto custa uma peça de Alta-Costura?
Não existe um preço de etiqueta. Os preços começam em torno de 10.000 dólares para uma peça "simples" (como uma blusa) e podem passar de 1 milhão de dólares para um vestido de noiva ou de gala todo bordado.
2. Quem são os clientes da Alta-Costura?
É um grupo ultra-exclusivo de bilionários, membros de famílias reais (principalmente do Oriente Médio), e algumas celebridades para o tapete vermelho. São pessoas para quem gastar o preço de um carro em um vestido não é um problema.
3. Prêt-à-porter de luxo é a mesma coisa?
Não. Prêt-à-porter (pronto para vestir), mesmo de marcas como Chanel ou Dior, são as roupas que você encontra nas lojas. Elas são feitas em tamanhos padrão (P, M, G ou 38, 40, 42) e produzidas em série, ainda que com altíssima qualidade. Alta-Costura é única, feita sob medida.
4. A Alta-Costura dá lucro para as marcas?
Diretamente, não. O custo de produção é tão absurdamente alto que a venda das peças raramente cobre os gastos do desfile e do ateliê. O verdadeiro valor da Alta-Costura é em marketing e imagem de marca. Ela funciona como a "Fórmula 1" da moda: vende o sonho, o luxo e a exclusividade que depois impulsionam as vendas de produtos mais acessíveis, como bolsas, sapatos e, principalmente, perfumes e maquiagem.
5. Por que só em Paris?
Porque a Alta-Costura nasceu em Paris, no século XIX, com Charles Frederick Worth, um inglês que foi o primeiro a assinar suas criações como um artista. A França protegeu legalmente o termo e a tradição para manter Paris como a capital indiscutível da moda e do luxo.
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