Deixa eu te perguntar uma coisa. Quantas "abas" estão abertas na sua cabeça agora?
Tem a aba do trabalho que você levou pra casa, a do boleto que vence amanhã, a daquela conversa esquisita que você teve, a do "o que eu vou fazer pro jantar?" e, claro, a do feed infinito do Instagram rolando em loop.
É um caos.
Pense na história da "Clara Multitarefa". Clara se orgulhava de fazer mil coisas ao mesmo tempo. Ela respondia um e-mail enquanto assistia a uma série, cozinhava enquanto ouvia um podcast e planejava o dia seguinte enquanto tentava conversar com o namorado. O resultado? No fim do dia, ela estava exausta, sentindo que não tinha feito nada direito e com uma ansiedade que roncava mais alto que o estômago.
Confesso, eu já fui a Clara. A gente vive na cultura da produtividade tóxica, que nos vende a ideia de que estar ocupada é o mesmo que ser importante.
Pura cilada.
É aí que entra o Mindfulness. E calma, não vou te mandar sentar em posição de lótus e levitar. A proposta aqui é muito mais simples e, na minha opinião, muito mais revolucionária para a vida real. É o seu botão de "pause" portátil.
Vamos quebrar o maior mito de todos. Praticar Mindfulness ou Atenção Plena não é esvaziar a mente. Tentar não pensar em nada é a receita mais rápida para... pensar em tudo ao mesmo tempo.
Mindfulness é, simplesmente, a prática de prestar atenção ao momento presente, de forma intencional e sem julgamento.
É só isso. É escolher, por um breve momento, colocar o seu foco total em uma única coisa. No seu café, na sua respiração, na música que está tocando. É tirar a sua mente do piloto automático que vive remoendo o passado ou se preocupando com o futuro, e trazê-la de volta para o único lugar onde a vida realmente acontece: o agora.
É um respiro.
A beleza do Mindfulness é que você não precisa de um retiro no Tibete. Você só precisa de um minuto. Aqui estão 8 micro-exercícios para você encaixar em qualquer brecha do seu dia.
O mais clássico e mais poderoso. Onde quer que você esteja, pare por 60 segundos. Feche os olhos se quiser. Apenas sinta o ar entrando pelo seu nariz, enchendo seus pulmões, e saindo. Não tente controlar. Apenas observe. Sinta a temperatura do ar, o movimento do seu diafragma. Sua respiração é sua âncora para o presente.
Amanhã, quando for tomar seu primeiro gole de café, faça um pacto. Por 60 segundos, você só vai fazer isso. Sinta o calor da xícara na sua mão. Sinta o aroma. Dê o primeiro gole e preste atenção total no sabor, na temperatura, na sensação do líquido. Sem celular, sem TV, sem pensar na primeira reunião. Só você e seu café.
Pare o que está fazendo. Feche os olhos. E apenas escute. Tente identificar todos os sons ao seu redor, dos mais distantes aos mais próximos. O barulho do trânsito lá longe, o tique-taque do relógio, o zumbido da geladeira. Não julgue os sons como "bons" ou "ruins". Apenas note sua existência.
Sente-se ou fique de pé por um minuto e "escaneie" seu corpo. Comece pelos pés. Como eles se sentem dentro do sapato? Suba para as pernas. Estão tensas? Relaxe. E seus ombros? Provavelmente estão aí perto das suas orelhas. Solte-os. Perceba as pequenas tensões que você carrega sem notar.
Da próxima vez que você se levantar para ir ao banheiro ou buscar água, transforme o trajeto numa prática. Sinta o contato dos seus pés com o chão. Note o movimento dos seus braços, o balanço do seu corpo. Esteja 100% presente nessa pequena jornada de 10 passos.
Pegue qualquer objeto simples perto de você: uma caneta, uma folha de planta, sua xícara. Por 60 segundos, olhe para ele como se fosse a primeira vez. Note sua cor, sua textura, suas imperfeições, os reflexos de luz. Explore-o com sua visão, com total curiosidade.
Quando for beber água, faça uma pausa. Sinta o copo. Sinta a temperatura da água na sua boca. Engula devagar, sentindo o líquido descendo e hidratando seu corpo. É um pequeno ato de gratidão e presença.
Essa é a emergencial. Sentiu o estresse ou a ansiedade subindo? Pare. Respire fundo e lentamente por três vezes. Na inspiração, pense "estou inspirando calma". Na expiração, pense "estou expirando a tensão". Leva 15 segundos e pode mudar o rumo do seu dia.
Isso pode parecer papo de "good vibes", mas a ciência está do nosso lado. A prática regular de Mindfulness tem efeitos comprovados na estrutura e na função do nosso cérebro.
Pesquisadores de Harvard, em um estudo publicado na revista Psychiatry Research, descobriram que apenas oito semanas de prática de meditação de atenção plena foram capazes de aumentar a densidade de massa cinzenta no hipocampo, uma área do cérebro associada à aprendizagem e à memória, e diminuir a densidade na amígdala, que é responsável pela resposta ao estresse e ao medo.
Ou seja, praticar esses pequenos exercícios é como fazer musculação para as áreas do seu cérebro responsáveis pela calma e pelo foco.
1. Mas eu não consigo parar de pensar! Estou fazendo errado?
Não! O objetivo do Mindfulness não é parar os pensamentos, isso é impossível. O objetivo é perceber que você está pensando e, gentilmente, trazer sua atenção de volta para a sua âncora (sua respiração, seu café, etc.). Cada vez que você faz isso, é uma "repetição" do seu exercício mental.
2. Qual a diferença entre Mindfulness e Meditação?
A meditação é o "treino formal" que você faz sentado, por um tempo determinado. O Mindfulness (ou Atenção Plena) é a qualidade que você desenvolve nesse treino e que você pode aplicar em qualquer momento do seu dia, como ao tomar banho ou escovar os dentes.
3. Preciso de um aplicativo para praticar?
Não. Você só precisa da sua respiração. Mas, para iniciantes, aplicativos como Calm ou Headspace podem ser ótimos guias com meditações guiadas de 5 ou 10 minutos.
4. Isso ajuda mesmo com a ansiedade?
Sim, e muito. A ansiedade geralmente vive no futuro, se preocupando com o "e se...". O Mindfulness te treina a ancorar sua mente no presente, o único lugar onde o "e se" não existe. Isso quebra o ciclo de pensamentos ansiosos.
5. Um minuto por dia realmente faz diferença?
Sim! Pense nisso como uma semente. Um minuto por dia é melhor que zero minutos. A consistência de criar esse pequeno espaço de calma na sua rotina tem um efeito cumulativo poderoso na sua saúde mental ao longo do tempo.
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