Você já comprou um caderno lindo, daqueles com capa dura e folhas amareladas, cheia de intenção de "colocar suas ideias no papel"?
Ele tá lá na sua gaveta, né? Intocado. Imaculado.
A gente olha pra página em branco e o cérebro congela. O que eu vou escrever? Minha vida não é um filme. Meus pensamentos não são tão profundos assim. E o medo de escrever algo "errado" ou "bobo" paralisa.
Pense na história da "Amanda Aspirante a Escritora". Ela comprou o caderno mais caro da papelaria. Canetas coloridas. Tudo perfeito. Ela sentou, abriu na primeira página e... nada. O silêncio da página em branco era ensurdecedor. Ela fechou o caderno e foi ver uma série. O caderno virou um objeto de decoração e de culpa.
Confesso, já fui a Amanda. A gente romantiza o ato de escrever. Mas Journaling não é sobre literatura.
É sobre faxina.
Hoje, vamos desmistificar essa prática e te mostrar como usar um simples caderno para colocar ordem no caos da sua mente.
Esqueça a imagem de um "Querido Diário" onde você narra seu dia em detalhes.
Journaling é, simplesmente, o ato de transferir seus pensamentos, sentimentos e preocupações da sua cabeça para o papel. Só isso. Não tem regra de português, não tem que ter começo, meio e fim. Não precisa ser bonito. Não precisa fazer sentido pra mais ninguém além de você.
É uma conversa privada consigo mesma. Um "lixão mental" onde você pode despejar tudo o que está pesando, sem filtro e sem julgamento.
É uma ferramenta. Não uma obra de arte.
Pode parecer papo místico, mas existe ciência de verdade por trás disso. A prática de escrita terapêutica, ou escrita expressiva, tem sido estudada há décadas.
Quando você escreve sobre suas ansiedades e estresses, você está organizando o caos. Está dando nome aos monstros. Ao tirar os pensamentos da sua cabeça e colocá-los no papel, você cria uma distância saudável deles. Eles deixam de ser um turbilhão incontrolável dentro de você e se tornam palavras numa página, algo que você pode observar e analisar de fora.
Um estudo seminal do psicólogo James W. Pennebaker, publicado no Journal of Abnormal Psychology, demonstrou que participantes que escreveram sobre seus traumas e sentimentos mais profundos por apenas 15-20 minutos durante alguns dias tiveram uma melhora significativa na saúde física e mental a longo prazo.
É como tirar todos os móveis de um quarto bagunçado para poder limpar o chão. A escrita tira a "mobília" da sua mente, te dando espaço para respirar.
Se a página em branco te assusta, não se preocupe. Aqui estão 6 métodos estruturados para guiar sua mão.
Essa é a técnica mais libertadora de todas.
Confesso que eu revirava os olhos pra isso. Achava papo de coach. Mas funciona.
Perfeito para os ansiosos de plantão.
Às vezes, a gente só precisa de um guia. Comece sua escrita respondendo a perguntas específicas.
Para quem realmente não tem tempo ou paciência.
Tem algo entalado na garganta sobre alguém? Uma raiva, uma mágoa, uma saudade?
1. Preciso escrever todo dia?
Não. Comece com 2 ou 3 vezes por semana. O importante é criar uma consistência que funcione para você, sem que vire mais uma obrigação na sua lista de tarefas.
2. E se alguém ler o meu diário?
Esse é um medo real. Mantenha seu caderno em um lugar seguro ou use aplicativos de Journaling com senha no celular ou computador, como o Day One ou o Stoic.
3. Escrever no celular tem o mesmo efeito?
Tem um efeito muito parecido e é super prático. No entanto, alguns estudos sugerem que o ato físico de escrever à mão, mais lento, ativa diferentes áreas do cérebro e pode aprofundar o processamento das emoções. Teste os dois e veja o que funciona melhor pra você.
4. O que eu faço se não tiver nada para escrever?
Use as perguntas estruturadas (técnica #4)! Ou simplesmente escreva: "Eu não sei o que escrever hoje, estou me sentindo..." e deixe o fluxo te levar. Não existe "página em branco", apenas a pressão de ter que escrever algo genial. Abandone essa pressão.
5. Journaling substitui a terapia?
NÃO. Pelo amor de Deus, não. Journaling é uma ferramenta de autoconhecimento e alívio do estresse fantástica. Terapia é um tratamento de saúde mental conduzido por um profissional qualificado. Uma coisa é uma ferramenta, a outra é um tratamento. Elas podem ser super complementares, mas nunca substitutas.
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