Vamos falar sobre uma palavra que causa mais arrepio que boleto chegando: networking.
Só de ouvir, a gente já imagina a cena. Um evento corporativo, todo mundo de crachá, um monte de sorrisos meio amarelos e aquela troca frenética de cartões de visita. Uma competição pra ver quem parece mais importante. Puxa, dá um cansaço só de pensar.
Confesso, por muito tempo eu achei que networking era ser a puxa saco. E eu odiava. A virada de chave foi entender o que é o verdadeiro e poderoso networking.
A Mudança de Mentalidade: Networking não é Coleta, é Conexão
O primeiro passo de como fazer networking de um jeito que não te faça querer se esconder no banheiro é mudar o objetivo.
Networking não é sobre o que você pode pegar. É sobre o que você pode trocar.
É uma via de mão dupla. É sobre criar relações de confiança mútua, baseadas em generosidade e interesse genuíno. É sobre construir pontes, não apenas colecionar contatos no LinkedIn.
Quando você entende isso, a pressão some. A obrigação vira curiosidade.
O Guia Prático: 8 Dicas de Como Fazer Networking (Sem Sofrer)
Com a mentalidade certa, vamos às táticas que realmente funcionam.
1. Jogue o “Discurso de Elevador” no Lixo
Sabe aquele textinho decorado sobre quem você é e o que você faz? Ele soa robótico. Falso.
- A Estratégia Inteligente: Tenha uma resposta humana. Quando alguém perguntar “O que você faz?”, em vez de recitar seu cargo, diga algo como: “Eu ajudo pequenas empresas a não se sentirem perdidas no mundo do marketing digital”. É mais interessante e abre portas para uma conversa real.
2. Seja a Pessoa Curiosa, não a “Interessante”
O maior erro do networking tradicional é a necessidade de parecer incrível. É uma armadilha.
- A Estratégia Inteligente: Inverta o jogo. Faça perguntas abertas e demonstre uma curiosidade genuína. “Qual foi o projeto mais legal em que você trabalhou este ano?”, “Qual o maior desafio na sua área hoje?”. As pessoas amam falar sobre o que fazem. Ao ser uma boa ouvinte, você se torna instantaneamente memorável.
3. A Regra de Ouro do “Como Posso Ajudar?”
Essa é a dica que te coloca em outro patamar.
- A Estratégia Inteligente: No final de uma boa conversa, em vez de pedir algo, ofereça. “Nossa, que legal seu projeto. Conheço uma pessoa que talvez pudesse te ajudar com X, quer que eu os apresente?”. Ou “Vi um artigo ótimo sobre isso semana passada, vou te mandar o link”.
O psicólogo organizacional Adam Grant, em seu best-seller “Dar e Receber”, argumenta que os profissionais de maior sucesso a longo prazo são os “doadores” – aqueles que genuinamente buscam adicionar valor aos outros sem esperar um retorno imediato. É a ciência confirmando a sabedoria.
Oferecer ajuda cria uma dívida de gratidão positiva e uma conexão real.
4. Como Fazer Networking: Qualidade, não Quantidade
É melhor ter 3 conversas de 15 minutos do que 20 conversas de 2 minutos. O objetivo não é escanear a sala, é encontrar pessoas com quem você realmente se conecta.
5. O Follow-up Inteligente (e Não Assustador)
Pegou o contato de alguém? Ótimo. Agora, não seja o fantasma.
- A Estratégia Inteligente: No dia seguinte, mande uma mensagem curta e contextualizada no LinkedIn ou por e-mail. NÃO PEÇA NADA. Apenas diga: “Adorei nossa conversa sobre [tópico específico] ontem. Foi um prazer te conhecer!”. Se você prometeu enviar um link, envie. Só isso.
6. Use o LinkedIn do Jeito Certo
Seu LinkedIn não é seu currículo online. É a sua mesa de café digital.
- A Estratégia Inteligente: Não adicione pessoas aleatoriamente. Interaja com o conteúdo de pessoas que você admira. Comente nos posts delas de forma inteligente (mais do que “parabéns!”). Compartilhe artigos interessantes da sua área. Adicione valor à rede antes de pensar em extrair valor dela.
7. Networking “Lateral” é Ouro Puro
Não foque apenas em falar com os palestrantes ou os diretores. Converse com as pessoas que estão no mesmo nível que você na carreira. Seus pares de hoje são os diretores e parceiros de negócios de amanhã. Cresçam juntos.
8. Consistência é Tudo
Como fazer networking não é um evento. É um hábito. É cultivar suas conexões de forma consistente. É mandar um “parabéns” pelo cargo novo, compartilhar um artigo interessante, tomar um café a cada seis meses.
É jardinagem. Não caça.
Tira dúvidas:
1. Sou introvertida e odeio eventos. Como fazer networking?
Foque no online! O LinkedIn é seu melhor amigo. Interaja em grupos, comente em posts, chame pessoas para uma conversa de 15 minutos por vídeo. É um ambiente mais controlado e menos esmagador. E em eventos, foque em qualidade: escolha uma ou duas pessoas que pareçam interessantes e tente ter uma conversa mais profunda, em vez de “flutuar” pela sala.
2. O que eu falo para quebrar o gelo?
Evite perguntas de “sim” ou “não”. Em vez de “Gostando do evento?”, tente “O que te trouxe a este evento hoje?” ou “Qual foi a palestra mais interessante que você viu até agora?”. Elogios sinceros também funcionam: “Adorei seu sapato, de onde é?”.
3. Como encerrar uma conversa educadamente sem parecer rude?
É fácil! Sorria e diga: “Foi um prazer conversar com você! Vou pegar uma bebida/dar uma olhada na outra sala, mas vamos nos conectar no LinkedIn”. É direto, educado e abre a porta para o follow-up.
4. E se eu não tiver nada para “oferecer”?
Todo mundo tem algo a oferecer! Pode ser uma informação, um artigo interessante, uma sugestão de livro, uma conexão com outra pessoa, ou simplesmente a atenção de ser um bom ouvinte. O valor não precisa ser um negócio ou um emprego.
5. Como manter o contato sem ser chato(a)?
A regra é: sempre tenha um motivo relevante. Não mande “oi, sumido(a)”. Mande um artigo que você leu e lembrou da pessoa. Dê os parabéns por uma conquista que você viu no LinkedIn. Compartilhe uma oportunidade que pode ser interessante para ela. Seja útil, não carente.
